Os olhos sempre dizem a verdade....!!!

domingo, 22 de junho de 2014

Parafraseando meu EU

Hoje eu acordei
e senti a grande indiferença por tudo  chegar ao meu "eu".
Foi como se a natureza da minha vida
desligasse os meus circuitos e programasse em meu cérebro um vazio imenso.
Hoje eu estando indiferente às coisas que me cercam,
não sinto as necessidades morais me abraçarem.
Estou insensivel aos meus sentimentos.
Fico cabisbaixa, escondida num canto qualquer do mundo
esperando uma reação qualquer me fazer votar ao normal.
Um normal que me dá prazer de esquecer!

By Ts

quarta-feira, 11 de junho de 2014

CORPOREIDADE É !

CORPOREIDADE É !!!!!!
O texto, agora um pouco modificado, foi redigido em 19 de setembro de
2001, como base de reflexão sobre o tema, em uma aula no Mestrado em
Educação Física da FACEF. A decisão de incluir nas Croniquetas deu-se no momento em que tomei a decisão de publicá-las.
Hoje fui instado, academicamente, a falar sobre corporeidade. Vejam a
contradição intrínseca a este fato: falar e pensar sobre corporeidade e não ser corporeidade. Se me fosse pedido para ser corporeidade, quase bastaria estar aqui na relação com vocês, neste tempo cronológico e neste espaço geográfico. Mas, é evidente que o tempo cronológico
apenas não expõe a corporeidade, pois ela também é kairós, ou seja, tempo existencializado na cultura e na história.
Ao expressar o pensamento sobre o tema, poderia simplesmente dizer o que está grafado no título deste texto: Corporeidade é! Isto basta...., mas, tenho a certeza que receberia muitas críticas acadêmicas por pensamento tão sintético. Assim, dispus-me a realizar, em alguns momentos neste escrito, uma variação significativa de um texto já produzido (onde utilizei o poema Instantes de Borges ou outro), tal qual um intérprete de jazz: apresentar variações sobre um mesmo tema, esperando que isto seja feito com qualidade e atinja a sensibilidade dos leitores/ouvintes.
Corporeidade é voltar a viver novamente a vida, na perspectiva de um ser unitário e não dual, num mundo de valores existenciais e não apenas racionais, ou quando muito, simbólicos.Corporeidade é voltar os sentidos para sentir a vida em: olhar o belo e respeitar o não tão belo; cheirar o odor agradável e batalhar para não haver podridão; escutar palavras de incentivo, carinho, de odes ao encontro, e ao mesmo tempo buscar silenciar, ou pelo menos não gritar, nos momentos de exacerbação da racionalidade e do confronto; tocar tudo com o cuidado e a maneira de como gostaria de ser tocado ;saborear temperos bem preparados,discernindo seus componentes sem a preocupação de isolá-los, remetendo essa experiência a outros no sentido de tornar a vida mais saborosa e daí transformar sabor em saber.
Corporeidade é buscar transcendência, em todas as formas e possibilidades, quer individualmente quanto coletivamente. Ser mais, é sempre viver a corporeidade, é sempre ir ao encontro do outro, do mundo e de si mesmo.
Corporeidade é existencialidade na busca de compromissos com a cidadania, com a liberdade de pensar e agir, consciente dos limites desse pensar e desse agir.
Corporeidade é, novamente variando sobre o poema mencionado: andar mais descalço para o retorno ao respeito à natureza ; nadar mais rios, procurando batalhar por águas límpidas e cristalinas; apreciar mais entardeceres, onde o horizonte não seja um buraco de ozônio ou esteja camuflado por nuvens de poluição; viajar mais leve,sem levar, sempre, um guarda chuvas, uma bolsa de água quente, uma galocha e um paraquedas; viver o dia a dia com menos medos imaginários.
Corporeidade é incorporar signos, símbolos, prazeres, necessidades, através de atos ousados ou através de recuos necessários sem achar que um nega o outro. É cativar e ser cativado por outros, pelas coisas, pelo mundo, numa relação dialógica.
Corporeidade é tema de discussões científicas, realizadas com radicalidade, com rigor e de forma contextualizada, mas sem separar o corpo em partes para depois juntar; sem manipular pessoas para depois desculpar; sem criar prosélitos para depois deixá-los a ver navios; sem transformar teorias em dogmas, pois enquanto aquelas são abertas e passíveis de reformulações, estes são sinônimos de regras imutáveis a serem seguidas, justificando tudo, às vezes até a ausência da corporeidade.
Corporeidade é sinal de presentidade no mundo. É o sopro que virou verbo e encarnou-se. É a presença concreta da vida,fazendo história e cultura e ao mesmo tempo sendo modificada por essa história e essa cultura.
Corporeidade sou eu. Corporeidade é você. Corporeidade somos nós, seres humanos carentes, por isso mesmo dotados de movimento para a superação de nossas carências. Corporeidade somos nós na íntima relação com o mundo, pois um seu o outro são inconcebíveis.
Para os que estão pensando que corporeidade é Bom-Bril, ou seja, tem 1001 utilidades, lamento dizer que estão errados, pois corporeidade não é algo que me aproprio com um fim utilitário. Quando penso
na idéia de apropriação, já destinei o corpo a uma posição de submissão ao espírito ou à mente. Aí, já diziam pensadores como Marx e Nietzsche: a soma das partes não dá o todo.
Corporeidade não é tema que vai salvar o mundo. No entanto,corporeidade é existencialidade viva, e a vida preserva e se nutre da relação com o meio ambiente.
Corporeidade é o ser vivente exercitando sua motricidade. Corporeidade não é um conceito, é um estilo de vida na busca da superação.
Enfim, CORPOREIDADE É! - 
Croniqueta 27 – Produzida na Atual Forma em 27-01-2003
Wagner Wey Moreira